Antes de iniciarmos propriamente o tema proposto é de bom alvitre que conheçamos a origem da palavra que tanto tememos e queremos manter distância: Portanto, de onde veio a palavra “LADRÃO” e o que significa?
A palavra ladrão tem suas raízes na expressão em latim latro/latronis oriunda do grego mas com uma conotação diferente, a de soldado mercenário (aquele que não devia lealdade a nenhum senhor).
Mais tarde a palavra ladrão mudou seu sentido para bandido, quem roubava ou furtava. Na antiguidade era comum esse comportamento de soldados pois sem previsão de alimentação nas campanhas tinham que roubar ou furtar para sobreviverem.
O comportamento desses indivíduos à época geraram diversos sinônimos da palavra ladrão o importante é ressaltar que ainda no século XI com a grafia de ladrones o sentido de soldado mercenário já havia se extinguido e a história registra que o ladrão a partir daí é o mesmo que conhecemos hoje.
Para nós, hoje em dia, ladrão é aquele que rouba (subtrai algo com coação da vítima através de ameaça ou violência) ou que furta (aqui a subtração é sem violência ou ameaça).
O que fica claro para nós é que o crime e principalmente no nosso caso específico de roubo ou furto pelo ladrão não é recente, remonta da antiguidade. E aqui fazemos um adendo ao Código de Hamurabi na antiga Babilônia (Séc XVIII AC). Em suas 282 cláusulas já se previa punição a esse crime (Lei do Talião).
Não há registros mas não tenho dúvidas em afirmar que a estatística à época era muito pequena pois a punição era a morte. Mas antes que alguém intervenha alegando que faço apologia à pena de morte deixo muito claro o contrário pois sou defensor da vida apenas faço analogia do cumprimento das punições como “UMA DAS” formas de se reprimir o crime.
Dito isso falemos então sobre a expressão “a oportunidade faz o ladrão”. Será que está/é correta? Bom, não se conhece a origem desta expressão mas não me causaria espanto se aparecesse alguém afirmando que foi aqui no Brasil, apesar da tenra idade de nosso país.
Ladrão, num contexto geral é uma palavra dita diariamente, inúmeras vezes por todos os veículos de comunicação de nossa Nação. Dando motivos para diversas expressões e “memes”.
Esta expressão na sua concepção denota que toda e qualquer pessoa exposta a uma ocasião de obter vantagem ilícita, aqui se entenda tanto legal quanto moral, vai incorrer neste erro.
Obviamente uma afirmação descabida pois a grande maioria da população mundial tem princípios e valores e sem medo de errar na afirmação, essa é uma pequena parcela, ou seja, é realmente esta pequena parcela que incorre nesta prática delituosa.
Mas foi Machado de Assis, nosso maior expoente da literatura brasileira que contradisse essa expressão dizendo: “Não é a ocasião que faz o ladrão, o provérbio está errado. A forma exata deve ser esta: a ocasião faz o furto; o ladrão já nasce feito”.
Quis ele afirmar que a oportunidade somente o tráz à tona fazendo-o aparecer, expõe realmente que ele é, o revela (nas palavras do filósofo Mario Sergio Cortella), pois o caráter de um homem não é definido por um momento de fraqueza ou numa circunstância casual. Seu caráter formado, pela educação desde seu nascimento até a fase adulta é que norteia as verdadeiras intenções de cada indivíduo.
O crime como muitos “especialistas genéricos da internet” afirmam não tem causa. O crime é um fato social multidisciplinar que depende de várias políticas sociais, portanto não só a de segurança mas também econômica, de saneamento básico e principalmente de educação, entre outras.
Portanto o crime não tem nenhuma origem patológica individual como afirmava Lombroso (século XIX) ou social é decorrente do funcionamento da Ordem Social.
Querer frear a violência urbana e o crime de uma forma geral, com ações pontuais não dão e nem darão o resultado esperado.
As discussões na data da publicação deste artigo mais uma vez, face ao grande número de latrocínios e de criminosos adolescentes (hoje com nova denominação: “Adolescentes em conflito com a lei” – bonita expressão, não é?), que já foram presos diversas vezes mas que ainda continuam soltos cometendo crimes são como “fogo em palha”. Um fogo de grande proporção mas que se extingue em poucos minutos.
Continuo afirmando que a impunidade é um grande gargalo da segurança pública e que lugar de bandido é na cadeia. Mas não abdico também em dizer que a educação não pode e nem deve ser preterida para construção de novos presídios. Devem ser ações de projetos de Estado e não projetos políticos.
Lembrando ainda que esse número enorme de “adolescentes em conflito com a lei” é porque também falta educação básica dentro da família, falta DISCIPLINA. A criança DEVE crescer aprendendo o que é certo e errado e isso meus amigos é um dever dos Pais e não da escola.
E na mesma direção, que Machado de Assis e tantos outros verdadeiros cidadãos de bem, acrescento nesta expressão temática o seguinte:
- “A oportunidade não faz o ladrão” mas a FALTA de oportunidade de lazer, de cultura, de esporte, de educação e tantas outras que ajudam a formar um cidadão é que PODEM fazer o ladrão. E também…….
- “A oportunidade não faz o ladrão” mas o ladrão pela oportunidade esperada faz sua forma de agir. Digo isso pois a maioria dos crimes contra a vida são denominados “crimes de oportunidade.
Então encerramos convictos acreditando que vocês possam formar opinião similar sobre esse questionamento, tema central de nosso artigo.